sexta-feira, 2 de abril de 2010

primo fofo

(coisa fofa esse eu primo uruguaio....)

quarta-feira, 24 de março de 2010

Ar rarefeito

Eu sempre digo que turbulência não é nada. Até caírem as máscaras de oxigênio, ninguém precisa se alarmar. E ainda não estão caindo. Portanto, aperta-se mais o cinto e pronto. Esperar a turbulência passar. Sempre foi assim. Cada vez me sinto mais impulsionada a não dar importância ao que a maioria julga importante. Ah, e como julga essa tal de maioria! Pergunto-me se as grandes cabeças da humanidade pagaram preços muito altos pela autenticidade. Já sei a resposta; claro que pagaram. A questão é que nós, mortais, pagadores de contas de telefone e de supermercado, ou somos muito egoístas ou somos muito covardes. E o tempo é senhor de dar alfinetada, especialmente antes de dormir. Bate a contabilidade existencial e, voilá, continuamos no vermelho. Mesmo que na década passada, no ano passado, na semana passada ou no minuto passado tenhamos prometido mundos e fundos às nossas vontades fora de esquadro. Onde estão as chaves?

("Wisdom comes with winters" - O. Wilde)

terça-feira, 23 de março de 2010

GUNS EM MONTEVIDEO

O show tava bem melhor que em POA! (Conseguimos ficar bem pertinho e não morremos esmagados na grade!rsrsrs)







quarta-feira, 17 de março de 2010

SHOW DO GUNS EM PORTO ALEGRE, por uma "ex-viúva" do Slash

A despeito dos sempre presentes comentários maldosos (Axl está gordo, sem Slash não tem graça, etc), tenho a dizer que o show de ontem foi SENSACIONAL.
Sou fã do Guns há 20 anos e passei por tudo: sofri com o fim da formação original, sofri com a demora do Chinese, amava o Slash, etc. Tinha preconceitos com a nova formação - até ontem. O Guns está de volta ao cenário musical com todas as forças e veio pra ficar. A formação atual está redonda, as guitarras são impecáveis e o entrosamento da banda é notório. DJ Ashba preenchei a lacuna visual do Slash, que, querendo-se ou não, tinha sua presença mítica por vários motivos. Além de excelente músico, Ashba tem pose hard rock e presença de palco, e sabe usá-la com maestria. Bumblefoot é o músico virtuoso e Fortus é o roqueiro clássico. E o Axl é o Axl, o frontman insuperável, que num sorriso de canto de boca leva a multidão ao delírio - mesmo após tanto tempo e tanto desgaste, especialmente da crítica, que vive de reclamar de tudo, achando-se perfeitamente apta a classificar o inclassificável. O Guns se adaptou aos novos tempos e parece que muitos desgostam disso.
Organização terrível? Sim, quase intolerável. Mas nada que o show de abertura do Sebastian Bach, revivendo os sucessos do Skid Row e empolgando comseus novos hits, não ajudasse a dissipar.
A cena do início do show do Guns é impagável:bastou que se apagassem as luzes, que os músicos introduzissem suas primeiras notas e que Axl entrasse no palco para que as pessoas ficassem hipnotizadas e, ato-contínuo, ensandecidas. E olha que nem precisaria de toda a pirotecnia...
Uma grande banda de rock faz isso com o público. O resto é perfumaria.
(em breve, posto as fotos que consegui tirar e também os videos)

segunda-feira, 8 de março de 2010

descoberta do pé


Acabo de descobrir meu pé, logo após a tattoo do ano passado, no site da super tatuadora Claudia Fanti....(depois de desinchar, ficou bem melhor...rsrsrsr)
A super Cláudia está no studio do the one and only Edu Tattoo em POA e tem o myspace/womanatwork com outras tattoos feitas por ela.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

2010, rock'n'roll, no fear and no limits

Há muito um ano não começava tão bem. Afora minhas conquistas e realizações pessoais, cujo detalhamento não virão à público, tenho a dizer que um ano que tem shows do Metallica e do Guns no mesmo semestre tem tudo para ser espetacular.
Independentemente do mau gosto musical do qual cada um possa estar acometido, impossível não concordar que a atitude roqueira é a mais conveniente a adotar quando o assunto é progredir.
Mostrar a cara, dizer a que veio e assinar embaixo. Sem medo e com autenticidade.
Isso tudo NÃO faz parte de atitude pagodeira, sertaneja, sambista, ou de qual quer outro lixo que se diz estilo musical.
Isso tudo chama-se rock'n'roll.
(to 2010: bring it on, motherfucker!)

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Cromossomos e sutiãs

Lendo uma matéria no jornal de domingo sobre Carmen da Silva, conhecida por seus escritos feministas nos anos 70, e sobre a influência do pensamento feminista na atual geração, mais ainda dou razão às chamadas pós-feministas. Não há que se falar mais em busca de direitos das mulheres em face da supremacia da moral global predominantemente masculina. O que existem são pessoas. Gêneros são secundários. Direito a votar, a estudar, a trabalhar, a abortar, a trepar sem engravidar: as mulheres já chegaram lá.
Defender o direito do ser humano de fazer o que bem entende da sua vida é o que precisa ser levado em consideração.
Há mulheres e homens sem pretensões intelectuais. Há mulheres e homens que assistem novela. Há mulheres e homens que querem casar na igreja porque acham bonito. Há mulheres e homens que mantêm o casamento fracassado para não dividir o patrimônio. Há mulheres e homens que votam em branco e depois reclamam do governo. Há mulheres e homens que não pagam impostos. Há mulheres e homens que roubam e permanecem impunes. Há mulheres sendo homens e homens sendo mulheres.
Sempre me posicionei a favor da filosofia feminista enquanto marco histórico de posicionamento social em uma época de efetivas diferenças. Dos absurdos medievais à coisificação da mulher: morrerei contra as barbáries de toda ordem por amor à essência livre do ser humano e não ao cromossomo.
Hoje, feita a revolução, os direitos existem e são os mesmos para todos os gêneros. A problemática reside no fato de que as mulheres ainda lutam por eles ao invés de aprimorarem-se na arte de como torná-los realidade e não apenas possibilidades conferidas pela luta das queimadoras de sutiã.
Somos o que queremos ser. É fato. Se somos medíocres, medrosos, incompetentes, rasos ou pequenos, o somos tanto no masculino como no feminino.
Evidentemente, há quem desconheça a evolução da História e contribua para a confusão das cabeças menos ilustradas. Daí que moçoilas desavisadas e rapazes ignorantes gerem cenas medievais em universidades, e senhores ignóbeis endinheirados e madames bem-criadas trucidem-se em tribunais.
O desafio, me parece, é conviver com posicionamentos anacrônicos sem a possibilidade de ajustá-los ao máximo conhecimento atual do ser humano.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Colhendo no universo

1. Ação e reação. Física pura. A plantação está indo de vendo em popa, com ótimas colheitas . A vida é fantática para quem sabe plantar. O Dr. N. S. tem toda a razão, curvo-me diante de seus ensinamentos.
2. Tem gente que planta urtiga e quer colher girassóis. Aí fica difícil.
3. O universo segue aplaudindo os bons cultivadores. Aqueles cujos atos são dotados de credibilidade e boa-fé.
4. Para raios, vendavais e pestes de toda ordem, vai meu recado: GET IN THE RING, MOTHERFUCKER!

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Inspiração

"(...)

Your time is limited, so don't waste it living someone else's life. Don't be trapped by dogma — which is living with the results of other people's thinking. Don't let the noise of others' opinions drown out your own inner voice. And most important, have the courage to follow your heart and intuition. They somehow already know what you truly want to become. Everything else is secondary.

(...)

Stay Hungry. Stay Foolish."

Steve Jobs

(Stanford, 2005)

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Constatação

A ignorância de algumas pessoas é deveras irritante. Mas mais irritante ainda é a minha própria, já que desconheço modo de neutralizar em mim os efeitos nefastos da ignorância alheia.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Cebola

Ainda é possível a alguém ser idealista sem ser tido como bobo? Choca constatar que a persona do dia-a-dia é refém da máscara da esperteza para não parecer ingênua aos olhos dos abutres em geral. Lastimo viver no mundo da sacanagem. Gostaria de poder ser, de fato, essência e clareza. E só. Sem subterfúgios, sem pontes sinuosas, sem esperas planejadas. O hoje é o avesso da minha utopia. Guardo no bolso, apesar de tudo, minha caixinha de sono tranquilo, enquanto permito que, do lado de fora, dancem pela música da maioria.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Apneia

Eu fujo, mas ele me persegue. Quem? O dilema existencial básico aquele: qual é o propósito de tudo? Você passa um final de semana maravilhoso, onde - para exemplificar a maravilha - dormir, amar, filosofar, sonhar, beber um vinhozinho e esquecer do mundo são os únicos verbos conjugáveis. Nesse estado d'alma, ainda que não se verbalize, aceita-se a pequenez da vida por pura distração.
De volta ao caos, no meio do trânsito, você tem um insight perturbador que o faz lembrar de que nada, absolutamente nada do que você faz o dia inteiro tem sentido. E sobe um desespero pela garganta, uma vontade sem nome, de voltar pra onde não se chegou ainda. Você se justifica, se explica, se engana e nada: cada vez pior. Uma dor aguda por saber que não há norte algum e que o tempo em que se iludem todos se esvai como fumaça.
Você sabe que não está em condições de assumir o existencialismo puro e seco e também sabe que não consegue afastar todas as molduras de uma só vez - melhor respirar e deixar o furacão passar.
Por ora.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Anti-dopping (ou trilha sonora para o momento)

Será que agora os organizadores de eventos terão de fazer exame anti-dopping nos mestres-de-cerimônia, cantores, palestrantes e qualquer outra criatura cuja manifestação ecoará dos auto-falantes instalados no ambiente?
Sim, porque, pela versão bêbada do Hino Nacional, entoada pela dona Vanusa, não há mais solenidade que esteja a salvo.
Se era pra foder geral, que fizessem um revival anarquista com alguma versão nacional dos Sex Pistols!
Mas o engraçado é que o hino sob fármacos - para dizer o mínimo -, serve bem de retrato da decadência dessa pátria surrada e pisoteada por aqueles que passeiam em carros oficais, que empregam a família, que se abraçam após se alfinetarem, que negam tudo e nao abrem mão de nada, a nao ser da própria responsabilidade de representar os incautos que os elegeram.
Vai dizer que não é fácil de imaginar o videoclipe?

domingo, 16 de agosto de 2009

Sejamos francos: você tem, sim, uma lista

Quem já não pensou que o mundo seria bem melhor se fulano ou beltrano não estivesse nele? Você nunca pensou? Uma porção de nomes e rostos não lhe vem à mente agora? Ora, não seja hipócrita! Tire o Dalai Lama ou a Madre Teresa da jogada e não sobra ninguém que já não tenha desejado a desintegração imediata de alguma pessoa cuja existência lhe cause irritação.
Desconheço o porquê dessa necessidade estúpida de fazer parecer que todos os seres humanos são decentes e merecedores de chances. Segundas, terceiras, quartas, não importa. Quanto mais vil a criatura, menor deveria ser seu tempo sobre a terra. E não é que são esses mesmos seres que recebem benesses das mais inacreditáveis?
Justamente em razão da cultura do perdão sem limites é que os mais desprezíveis permanecem incomodando quem tenta clarear os caminhos da existência. E olhe que, normalmente, quem carrega a lanterna tem a intenção genuína de iluminar a todos, para que todos sigam crescendo e se desenvolvendo.
Sun Tzu, se realmente existiu, estava certo. O negócio é reduzir o inimigo a nada, aniquilá-lo, dizimá-lo – sempre com inteligência, evidentemente. Veja que a crueza das lições militares chinesas da era pré-cristã é muito mais fiel à natureza do ser humano que os textos bíblicos. E, mais, em momento algum, a guerra dos generais chineses é vã, pois defende a causa da dignidade do império que defendem. Ainda, não primam pela carnificina, como possa inicialmente parecer.
A destruição do inimigo significa sua eliminação enquanto mal que afronta o percurso da causa defendida. Daí que você pode gritar aí, dizendo que a perspectiva é quem dita os conceitos de bem e mal. Sim, mas, neste caso, não. Se um líder trabalha arduamente para levar seus seguidores aos patamares mais elevados do desenvolvimento, para que todos obtenham suas respectivas felicidades, isso não pode ser considerado um mal. Mas, se durante o caminho, alguém atua no desvirtuamento desse objetivo, por motivos torpes, má-fé ou pseudo-ignorância, torna-se o mal a ser combatido.
Tal posicionamento serve para qualquer âmbito, seja na liderança de grupos ou na condução da própria vida pessoal. Boicotadores de projetos, difamadores de plantão, pequenos de toda ordem.
Agora, diga-me com sinceridade, o quão longa é sua lista?

domingo, 2 de agosto de 2009

Vontades, cercas e cronômetros

O fato de ser o mundo muito maior do que nosso campo de visão não nos impede de, inconscientemente, considerar que os limites do possível são nossos próprios limites. Tal equívoco talvez seja o grande responsável pela mediocridade humana em geral. Schopenhauer dizia algo semelhante, sobre o homem limitar o mundo à sua capacidade de enxergá-lo.
E, aí, reside toda a confusão da vida: a pouca ou nenhuma possibilidade de existirem visões iguais em extensão ou profundidade é a causa da comunicação lenta e da conseqüente impossibilidade de atingir pontos superiores de existência.
Além disso, não se chega às alturas passando o caminho todo renegando a necessidade de abandonar o peso da bagagem.
Em outras palavras, uns não sabem bem aonde podem chegar e outros tem medo de dizê-lo.
O drama, porém, torna-se mais agudo na medida em que o tempo restante diminui e os limites, ironicamente, se ampliam.
Se o saber que todos os muros são feitos de névoa nos fosse revelado quando o cronômetro iniciasse a contagem, seríamos mais felizes?
Seríamos capazes de vivenciar a plenitude de um mundo de infinitas possibilidades?
Ou a ausência de medo simplesmente nos mataria?
As perguntas, porém, restringem-se aos limites existentes e, para nosso (des)conforto, jamais terão resposta.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Somos ridículos

Há filmes que merecem ser assistidos várias vezes. Não há tantos como os livros que merecem ser relidos - e nem tantas vezes -, mas alguns merecem destaque. E, às vezes, há filmes que chegam despretensiosos, com o único e exclusivo objetivo (na ótica do expectador) de entreter ou afastar o stress do dia que finda, e acabam sendo fonte de reflexões e debates – ainda que sob as cobertas da noite gelada de Porto Alegre.
Foi assim com Before Sunset, que foi parar no DVD player apenas para descansar a cabeça na noite da terça-feira exaustiva. Minha lembrança era de uma continuação água-com-açúcar com belas locações em Paris.
Em Paris, um norte-americano e uma francesa se reencontram após nove anos de um encontro de uma noite em Viena e o filme é um diálogo tão doloroso quanto delicioso e, por isso, existencialmente angustiante, durante uma caminhada de algumas horas pela capital francesa.
O diálogo é ininterrupto, mesmo nos breves momentos de silêncio. Dois atores apenas, Ethan Hawke e Julie Delpy. E Paris com clichês que passam ao largo em razão da intensidade e da simplicidade das pessoas. O mais impressionante é a manutenção, durante todo o filme, de grande desconforto pela identificação da porção demasiada humana dos personagens; indivíduos comuns, cujas escolhas tanto arruinaram quanto iluminaram suas vidas.
Culpando a ilusão dos tempos juvenis, acabam por lamentar-se de muitas coisas, ao mesmo tempo em que creditam à bagagem dos anos a aceitação natural de suas idiossincrasias. São condescendentes sem ter opção de não sê-lo.
A temática é tão corriqueira e, ainda assim tão densa, que me vejo agora com dificuldade de focar no que pretendo dizer, passando-me miseravelmente por resenhadora cinematográfica.
Uma das características mais marcantes do filme é a de justamente ser uma espécie de fotografia da vida moderna e de suas complicações criadas pelas próprias pessoas e, destas mesmas, sendo alvo de crítica severa – e merecida, há que se dizer.
Passa-se a vida em busca de algo externamente projetado - cuja miopia social nos faz crer ser de nossa exclusiva criação! – e, repentinamente, chega-se a determinados pontos onde a encruzilhada é maior do que a tendência à zona de conforto. O drama será maior ou menor em função da importância que damos à nossa persona, isto é, ao que o mundo enxerga quando nos vê. E nessa esquizofrenia existencial, muitas vezes desistimos do sofrimento rápido (sabendo que trará a bonança duradoura) e preferimos a anestesia eterna do mais ou menos.
Por que, diabos, importa tanto se temos vinte, trinta, cinqüenta ou setenta anos? Por que tornamo-nos rígidos ainda que saibamos sermos os únicos responsáveis por nosso próprio destino?
Sim, a escolha é cerebral. Nenhuma crença é tão forte quanto a de que somos os donos de nossa existência e, mesmo assim, capitulamos, em maior ou menos grau, diante de olhares ou de palavras que nos são contrários.
Somos todos ridículos. Por que simplesmente não aceitamos nossa condição de pobres coitados no meio da imensidão do universo? Poderíamos ser muito mais leves se aceitássemos nossa condição de poeira das estrelas.
Mas, não, muitas vezes somos capazes de deixar que a falta de nexo, maquiada de civilidade, nos coloque em posição de desvantagem em relação a nossos pares. Nesses momento é que perdemos a consciência do fato de sermos proprietários de nossa liberdade.
Demoramos tanto a aceitar que a vida pode ser tudo o que quisermos que, quando o tudo cai em nossas mãos, não o reconhecemos.
De qualquer modo, sempre há a possibilidade de render-se ao compromisso com a própria felicidade - nem que seja na última cena.
Recomendo o filme de qual falava antes a todos que não têm medo de viver e a todos que já experimentaram acreditar na sua própria mágica.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Hipocrisia é analgésico

Freud disse, certa vez, que um determinando grau de hipocrisia fosse talvez necessário para a conservação da civilização, já que poucos eram os indivíduos dotados de plena autenticidade.
E hoje, cada vez mais escassos, os escudeiros da verdade nua e crua continuam a viver em constante conflito moral, visto que obrigados a abafar muitas de suas opiniões em prol da convivência social ditada pela maioria hipócrita.
Exemplos brotam de todo o lado, especialmente em um país como o Brasil, de formação cultural patrimonialista e católica.
E, ao contrário do que se possa supor, o comportamento hipócrita não está restrito aos mais velhos e conservadores, cuja dificuldade de evolução até compreende-se, pois custe talvez mais caro do que a manutenção do status quo.
As novas gerações, rebentos de revoluções de nomes diversos e de liberdades paridas a fórceps, surpreendentemente são capazes de hipocrisias maiores do que as de seus pais.
Assistem-se cerimônias religiosas de casamentos cujas partes sequer entendem de religião; cumprem-se rituais sociais viciados de clichês de toda ordem, cujo nexo reside em local incerto e não sabido; elegem-se representantes do povo, para o povo e contra o povo, deliberadamente e repetidamente; mantêm-se relacionamentos conjugais cujo alicerce é a fotografia de coluna social; compram-se etiquetas para os filhos e os deixam desabrigados de educação e ética; financiam-se carros de luxo desconhecendo-se os rumos da própria vida.
A maioria mente e a maioria quer acreditar. Não cogitam a possibilidade de serem autênticos os tais hipócritas, pois preferem a comodidade de não serem julgados por seus próprios pares.
Entendo que a convivência em uma sociedade de desiguais requer certo tato e, também, certa hipocrisia – é provável que o apedrejamento constante nos deixasse ainda mais desiludidos.
Tenho, contudo, esperanças renovadas na possibilidade de ir encontrando semelhantes pelo caminho e, ao menos, poder compartilhar minha repulsa à pequenez de visão e de caráter.
Não me presto à marionete e seguirei fiel às minhas descrenças - ainda que a passos menores que os desejados.
Siga-me quem quiser. Não dou esmola, não creio em deuses e mergulho fundo de olhos abertos.


domingo, 26 de julho de 2009

RETORNO

Estou em fase de reconstrução do blog e das ideias que o norteiam.
Após a tomada de consciência sobre os reflexos da exposição virtual e após conclusões acerca de minha necessidade visceral de criticar o mundo a pulmões plenos, retorno ao cyberespaço determinada a opinar mais cruamente. A diferença é que o caro leitor saberá menos da cor do tapete do meu banheiro do que sobre a filosofia aplicada às notícias do meu mundo.
A fase que se inaugura merece as melhores palavras:
Súbita, uma angústia...
Ah, que angústia, que náusea de estômago à alma!
Que amigos que tenho tido!
Que vazias de tudo as cidades que tenho percorrido!
Que esterco metafísico os meus propósitos todos!
Uma angústia,
Uma desconsolação da epiderme da alma,
Um deixar cair os braços ao sol-pôr do esforço...
Renego.
Renego tudo.
Renego mais do que tudo.
Renego a gládio e fim todos os deuses e a negaç ao deles.
Mas o que é que me falta, que o sinto faltar-me no estômago e na curculação do sangue?
Que atordoamento vazio me estalfa no cérebro?
Devo tomar qualquer coisa ou suicidar-me?
Não: vou existir. Arre! Vou existir.
E-xis-tir...
E--xis--tir...
Meu deus! Que budismo me esfria no sangue!
Renunciar de portas todas abertas,
Perante a paisagem todas as paisagens,
Sem esperança, em liberdade,
Sem nexo,
Acidente da inconsequencia da superficie das coisas,
Monótono mas dorminhoco,
E que brisas quando as portas e as janelas estão todas abertas!
Que verão agradável dos outros!
Dêem-me de beber, que não tenho sede!
(Fernando Pessoa, 20.06.1930)

terça-feira, 9 de junho de 2009

segue o baile...

(preciso lembrar, às vezes, de meu fênix gravado na pele)