segunda-feira, 5 de março de 2007

Feitiço contra a feiticeira

Claramente (na minha cabeça, ao menos), quando criei o blog queria poder dar uma dissolvida no stress da vida diária de uma forma que me fosse agradável. Como gosto de escrever, voilá.
Gosto de falar também, mas como estava sem paciência para terapia e como as pessoas já agüentam demais o meu discurso, pensei ser uma boa opção fazer postagens para o mundo em potencial. Como sou ligeiramente megalomaníaca e egocêntrica, aquilo me pareceu espetacular. Não pensei duas vezes. Aliás, pensar duas vezes é algo que me falta, e muito. Tenho que lembrar de escrever sobre qualquer dia desses.
Bom, mas o negócio do blog. Escrevi três textos seguidos, fiquei empolgadíssima. Então, passado o primeiro impacto, fiquei quatro dias sem escrever. Comecei a ficar nervosa. Teria que escrever com uma certa regularidade, caso contrário, meu afã de expor ao planeta minhas angústias e minhas loucuras, restaria inócuo.
E as pessoas já começavam a perguntar como andava o blog, se havia alguma novidade. A esta altura, já tinha vontade de sair correndo ao computador e postar alguma coisa, qualquer coisa que fosse, apenas para aplacar a pressão de não estar com o blog atualizado.
Nesse momento, me dei conta de que havia criado mais uma razão de angústia na minha vida - o dever de constantemente alimentar o blog com textos no mínimo decentes e passíveis de alguma leitura atenta.
Interessante que, apesar do sofrimento que isso me causa, estar escrevendo algo neste nível de intensidade emocional me deixa extremamente aliviada.
Na verdade, acho que eu seria capaz de escrever sem parar até estar fisicamente esgotada.
Meu mal é que me jogo com tanta intensidade nas coisas que faço, que acabo extenuada. Já observei isso em outras situações da minha vida (que definitivamente não vêm ao caso agora) e que acabaram, quando não satisfeitas minhas vontades imediatistas, sendo motivo de frustração.
Chego à conclusão que, não bastasse a megalomania e o egocentrismo, sou um paradoxo ambulante. Em alta velocidade.
Quero tudo, quero agora, quero sempre, não quero nada, quero ir ao fim e ao começo. Quero sentir-me sempre no início, mas quero chegar ao fim antes do meio. Quero experimentar tudo e de todos sentir o que estiver ao alcance dos olhos. Quero ver e saber e sentir e provar e cansar de fazer o que o cérebro manda e o coração finge que não sente. Quero resolver os problemas do mundo, quero ser egoísta, quero não sentir culpa e ao mesmo tempo culpar o mundo pelos meus problemas.
Vejam só que, realmente, a coisa não é fácil.
Será que se eu fosse superficial as coisas seriam menos estressantes? Já tive experiências interessantes neste sentido, já fiz laboratórios de superficialidade para ver como vivem as pessoas lá fora. Confesso que teve lá suas vantagens.
O problema é que é extremamente cansativo. Imaginem: não raciocinar, não analisar, não conjecturar, não buscar soluções, não se colocar na pele do outro, não olhar para dentro, não sentir, não lutar, não ouvir e assim por diante, até a blindagem emocional estar completa. Tenho preguiça só de pensar em fazer isso.
Prefiro, de qualquer forma, a despeito do combo stress+sofrimento, continuar me atirando de cabeça no que a vida me apresenta.
Então, ainda que a regularidade das postagens não seja a ideal, vou continuar escrevendo este blog até o dia em que eu acordar sem vontade de dizer poucas e boas ao mundo. (Há os que esperam ansiosos por esse dia. Coitados.)

2 comentários:

Anônimo disse...

LU:
ostei muito do jeit que escreves.
Acho que tens que deixar a advocacia e e deticar integralmente ao teu blog.
Beijinhos!
Biff

Anônimo disse...

Lu

Vc é demais... sempre me surpreendendo.

Um grande beijo

Andréia