quinta-feira, 13 de março de 2008

Maravilha

Aula passada, o Carpinejar devolveu as crônicas tema-de-casa, com correções (e notas!). Honestamente, após aumentar um pouquinho minha gama de conhecimentos sobre o gênero literário objeto da oficina, não me daria mais que um "C". O "B" foi benevolente. O tema encomendado era "Quem eu odeio com muito amor?". Além de descobrir minha brutal dificuldade em escrever sob encomenda, vi que a facilidade da crônica é aparente - e traiçoeira. Abaixo, segue o texto que entreguei. Após, alguns comentários do professor. Divirtam-se...Quando der, vou postar a imagem da correção.
"Vivi compensando o sofrimento que você me causou. Vivi esperando sua marca no meu rosto. Comparei, muitas vezes, sua pele com a minha e, mais vezes ainda, invejei a cor de seu cabelo. Analisei nossas possibilidades genéticas para encontrar nossos ancestrais e justificar minha loucura. Queria ser como você. Odiava saber que você não era como eu. Você jamais respondeu uma única pergunta minha. Você jamais apareceu quando eu mais precisei. Você andou por caminhos exclusivamente seus e não se importou se eu estava abandonada aos ventos da dura condição humana. Por que você não atendia quando eu suplicava por sua presença? Por que você me deixou chorando no escuro enquanto os outros dormiam? Você doeu em mim como se minha existência dependesse da sua. Eu lhe via sempre em companhia dos demais, rindo, brincando. Nunca comigo. Eu era apenas uma criança. Odiei você com todas as minhas forças por me condenar à solidão que nunca compreendi. Até o dia em que comecei a lhe amar. Passei a valorizar sua ausência como quem se dá conta da própria existência. Vi que não precisaria de você para me justificar ao mundo. Amei cada segundo que não precisei dividir com você a generosidade da vida. Amei todos os momentos em que você não estava lá para ofuscar minhas vitórias. Amei os caminhos que eram só meus. Amei o fato de ser diferente dos demais e de que eles jamais se livrariam de você. Eu sim. Me livrei de você quando bem entendi. Amei descobrir que minha loucura não tinha réplicas e que não precisaria passar a vida dividindo tudo com uma porção de genes parecidos com os meus. Hoje, posso até ser indiferente à sua possibilidade. Posso até nem pensar em você. Não sinto saudades das roupas que não trocamos e das brigas que não tivemos. Não tenho nem inveja dos que têm a sua companhia, pois posso escolher as minhas irmãs. Sou também filha única da minha própria autenticidade."
COMENTÁRIOS, ANOTAÇÕES, FLECHAS, CÍRCULOS, ETC: "Previsível. Vago. Elogioso. É crônica, mas falta exemplificar mais. As experiências que escreveste são as gerais e conhecidas. Cadê as suas? Aumentrar a tensão e justificar-se ao final. Senti que poderia doer mais - estava na ante-sala da dor, ainda impessoal."

3 comentários:

Luciana F. disse...

fala sério, até a correção do cara é poética!!! "estava na ante-sala da dor"'...amei!

Germano Viana Xavier disse...

Lu, voltei...

Estava em casa, na Chapada, sem computador...

Quão bom foi deparar com teu primeiro exercício lá na oficina. Eu gostei da crônica, mas creio que o Fabrício foi justo nas observações.

Achei o tema muito instigante. Posso escrever algo a partir desse tema?

Vou atualizar a leitura no seu blog, paulatinamente vou ler todos...

Um beijo no coração, minha flor!

Germano
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Germano Viana Xavier disse...

Lu, voltei a ler este teu exercício. Vi coisas novas...

Abraços, querida!

Germano