segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

(Pronto-Socorro)

Estou no escritório esperando meu tele-sushi. Resolvi escrever agora porque estou com uma urgência de me curar. Como bicho que lambe as próprias feridas. Escrevo como se tomasse aspirina. Ainda que minha enxaqueca da madrugada, cujas pegadas ainda têm marcas na minha testa, tenha se dissipado, ainda assim não me sinto curada. Não estou buscando sentido para as palavras agora, apenas analgésico. Ou anestésico. A cura real está longe do meu alcance neste momento. O tempo, contudo, é meu médico preferido. Reconheço que ele atende pelo SUS. Mas a demora compensa, pois o tempo cura tudo. Estou precisando ser eu mesma mais vezes, ainda que cause dor e ressentimento. Prefiro abrir os pacotes da alma a deixá-los mofar. Não quero mais correr o risco de morrer de asfixia. Já provei o gosto da generosidade patológica. Não quero mais. O problema que minha cabeça continua latejando. A maquiagem, hoje, não está sendo sufuciente para disfarçar o suspiro cansado. Bom, meu almoço deve estar chegando. Me dêem licença que vou me alimentar de compensação.

2 comentários:

Germano Viana Xavier disse...

Vou colocar uma parte de um texto meu, Luciana. Talvez haja uma ligação entre nossos males.

"Escrevo como quem existe. É mais do que lógico: ninguém hesita em existir. E não me venha dizer de defenestradores de quinta categoria, ébrios que ateiam fogo em suas carcaças doentias ou de loucos arrependidos. Se, por acaso, a poesia for uma atitude criminal, partirei do princípio de que ela tem o seu lado passional. E isto também é fato, indubitável. O poeta escreve por que ama, e também porque odeia. Odiar também é amar, amar inversamente."

Recomendo que não faça tanto esforço ante a cura. Isso que nos acomete é incurável e, digo mais, uma dádiva sentir o aperto e o fel dessas feridas.

Olhe lá minha resposta ao teu pedido. Um beijo no coração!

Até breve...

Germano

Luciana F. disse...

Olá Germano! Gosto muito de suas colaborações aqui! Citei um pedacinho do seu texto que, aliás, me veio em boa hora...Bjos