domingo, 2 de dezembro de 2007

Sobre as posturas enlatadas e outras considerações

Não sei porque não posso fazer declarações politicamente incorretas ou, talvez, aparentemente contrárias ao senso comum. Por exemplo: eu não gosto de domingos de sol. Agora há pouco deu uma nublada e ameaçou um vento. Já me animei. Alarme falso. Já tem sol outra vez. Eu não gosto muito de dias ensolarados, porque parece que a gente tem aquela obrigação de estar feliz. É como se a claridade fosse condicionante de sorrisos e sentimentos desses mais primaveris. Não quero repetir que nao estou deprimida. Mas será possível que agora vou ter que passear no sol, feliz e contente, apenas pra demonstrar que não odeio viver? Ora, escolha qualquer dia cinza, friozinho, de preferência com vento, e provo que sou a pessoa mais animada do mundo. Claro, gosto de estar na beira da praia e tomar sol. Aliás, é o único lugar onde tolero o estrelão - talvez em tentativa (vã?) de alterar a cor da minha pele e parecer mais saudável, como dizem por aí. Mas fora da orla, no way. Então, só porque eu sou uma pessoa agitada, falante e bem-humorada, sou obrigada a gostar de luz e calor? Eu não sou planta, não faço fotossíntese, pô! Eu tenho até foto-sensibilidade! Não consigo sair na rua sem óculos escuros. E não há nada de errado em preferir a noite e os dias cinzas.Acho que as pessoas têm medo delas mesmas, por isso gostam de sol. A claridade transfere o foco pra fora. A chuva, o dia nublado, o blues das árvores balançando, tudo isso impele o pensamento pra dentro.Eu, definitivamente, não fujo de mim mesma.

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