sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Para assuntos mofados, passe um pano com pensamentos novos

"Economies can blossom and grow only if people are deluded into believing that the production of wealth will make them happy … Economies thrive when individuals strive, but because individuals will strive only for their own happiness, it is essential that they mistakenly believe that producing and consuming are routes to personal well-being."

Essa passagem extraí do texto da Newsweek (post anterior) sobre o velho tema de ser o dinheiro responsável ou não pela felicidade. Dá pra escrever um livro. Isso sem destrinchar a própria idéia de felicidade. De qualquer modo, a idéia da manipulação do inconsciente coletivo no sentido de sermos constantemente iludidos e forçados a crer que a riqueza nos faz feliz é fascinante. E demonstra o quão primatas ainda somos. Achamos que somos evoluídos. Piada. Somos, em verdade, um bando de chimpanzés adestrados. Quem já não pensou que a vida será muito mais interessante quando estiver mais rico? Ou quando tiver o último modelo de telefone celular? Ou o carro de luxo do anúncio da televisão? Ou qualquer outro bem material que represente essa satisfação drive-thru, cujo término imediatamente aponta para uma nova necessidade artificialmente criada? Do que, de fato, precisamos? E o que, realmente, queremos? Demos um nó em nossas próprias cabeças. É preciso saber, por outro lado, que as necessidades e as vontades diferem conforme as características de cada indivíduo. Não faço, aqui, apologia da avareza ou de um lifestyle franciscano. Longe de mim. Mesmo porque eu sei que estarei mais feliz quando puder reler o Zaratustra tomando um Chateau Margaux, confortavelmente sentada numa chaise longue com revestimento de antílope, sob as estrelas, na sacada de meu apartamento duplex. (Ok, para os que pensam que acabo de me contradizer, isso foi, sim, uma piada). O fato é que pessoas não precisam disso para encontrar a tal da felicidade. E, ainda assim, se consomem nesse afã. Eu me incluo nisso, apenas para registrar. Mas, agora, só pelo fato de me descobrir tão descaradamente manipulada já me desespero. Não medirei esforços para, daqui para frente, descobrir se minhas supostas necessidades não são, na verdade, meras vontades. Claro que vou continuar satisfazendo minhas vontades. Continuo achando (poética, e não filosoficamente, falando) que a vida é a busca incessante do prazer e não a mera fuga da dor. Mas vou ser menos displicente em relação aos objetos da minha cobiça. Ponderar é preciso. Abrir mão, jamais.
(Vai um vinhozinho aí?!)

Um comentário:

Eduardo Gerhardt Martins disse...

Assunto interessantíssimo!!!
eu tenho lido e assistido bastante acerca desse assunto, recomendo este blog a começar por este post http://somebodyelseshead.blogspot.com/2007/05/stress-and-inversion.html

beijos Lu