segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Apneia

Eu fujo, mas ele me persegue. Quem? O dilema existencial básico aquele: qual é o propósito de tudo? Você passa um final de semana maravilhoso, onde - para exemplificar a maravilha - dormir, amar, filosofar, sonhar, beber um vinhozinho e esquecer do mundo são os únicos verbos conjugáveis. Nesse estado d'alma, ainda que não se verbalize, aceita-se a pequenez da vida por pura distração.
De volta ao caos, no meio do trânsito, você tem um insight perturbador que o faz lembrar de que nada, absolutamente nada do que você faz o dia inteiro tem sentido. E sobe um desespero pela garganta, uma vontade sem nome, de voltar pra onde não se chegou ainda. Você se justifica, se explica, se engana e nada: cada vez pior. Uma dor aguda por saber que não há norte algum e que o tempo em que se iludem todos se esvai como fumaça.
Você sabe que não está em condições de assumir o existencialismo puro e seco e também sabe que não consegue afastar todas as molduras de uma só vez - melhor respirar e deixar o furacão passar.
Por ora.

2 comentários:

Márcio Almeida Júnior disse...

O post mais bem feito dos últimos 36 ano. E o mais pertinente.

Luciana F. disse...

Sigamos respirando, contudo, meu amigo.
Abraço!