sábado, 31 de maio de 2008

Texto

Vou entregar este texto na próxima aula da Oficina. Quando vier o esculacho do mestre, mostro aqui. Por ora, o produto bruto.
I C G T
Só há uma coisa pior do que andar na rua e ver uma mulher gorda de meia-idade desfilar de legging branca e tênis lilás: pensar que você pode se tornar aquela mulher daqui a vinte anos.
Um calafrio me sobe a espinha. Terei pesadelos envolvendo lycra e tecido adiposo.
Imagino que àquela altura da vida eu já tenha acumulado um pouco mais de bom senso do que minhas coxas sem celulite hoje me propiciam. Ainda assim, por favor, cortem-me as pernas, mas não me permitam cometer uma atrocidade dessas.
Mulher gorda é deselegante por natureza. Não adianta querer usar roupa preta ou roupa larga. Ou viver fazendo chapinha no cabelo para simular silhueta longilínea (é comum nas gordas o cabelo volumoso).
Por que, então, ainda inventam de sair por aí usando tênis com amortecedores em forma de bolha?
A partir dos cinco anos de idade, salvo por problemas mentais, é inadmissível acumular sobrepeso e pés de hipopótamo na mesma pessoa. Deveriam criar uma multa, uma taxa, sei lá. Um imposto em prol de um senso estético mais apurado.
Imposto sobre a circulação de gordas de tênis. A cada passeio, o equivalente a trinta por cento do peso em moeda corrente, revertidos aos cofres públicos. Ou em favor das crianças com câncer, para não me acusarem de insensível.
O tributo seria progressivo: quanto mais gordura maior o valor devido.
E se houvesse o agravante pelo uso de calças repugnantemente justas, a situação passaria da esfera fiscal para a criminal. Usar, em público, calça de material colante, conjuntamente com tênis brancos, com intuito ou não de parecer um elefante: reclusão de dois a cinco anos.
A sanção seria pedagógica, visando à eliminação gradual da circulação pública de pés gordos enfiados em solados grotescos.
(Você aí, na iminência de abocanhar esse quindim, pense duas vezes antes de sair de casa.)

Um comentário:

Anônimo disse...

auahuahauauahuaha no comments
ka