quinta-feira, 22 de maio de 2008

Identidade

Vi a ex-jornalista-kennedy-primeira-dama Maria Shriver, casada com o ogro-republicano-governator dizendo, durante sua crise existencial, o seguinte: “I’ll be a work in progress, I hope, until my dying day". Ela dizia que, aos cinquenta e poucos aos, se descobriu sem identidade, e que sua vida fora uma sucessão de tarefas relacionadas às expectativas externas - da família tradicional, da profissão, da política, dos fílhos, etc. E que ela, indivíduo, ao se permitir tirar os rótulos, percebeu que estava perdida.
Engraçado como o drama feminino é universal. Não importa se você se acha moderninha, descolada, engajada, antenada e com super-poderes ou se você é tradicional, careta, alienada e conservadora - não importa mesmo. A diferença é apenas o enfoque que você dá para sua crise existencial quando ela chega - e, cedo ou tarde, ela chega. Pode escrever.
Ela chega e fica rondando até você ter a decência de assinar por todas as suas vontades, até você fazer a gentileza de dar passagem ao desagradável e ter coragem de aumentar as luzes em volta do espelho.
De qualquer modo, ainda não sei bem porque as mulheres se submetem tão mais que os homens a papéis incondizentes com seus verdadeiros desejos. Entra década e sai década e as dificuldades só mudam o comprimento, o cós da angústia apenas sobe ou desce - mas ninguém rasga os manuais.
Vamos viver mais pelo lado de dentro, por favor.
(e falo isso alto para que eu mesma possa ouvir)

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