domingo, 18 de maio de 2008

(Desabafo)


Tento localizar o poético da espera para, ao menos, amenizar a sensação de subir uma ladeira cujo final se afasta à medida que ascendo.

Hoje, falta-me ar e sobram-me pontos de interrogação.

Quanto tempo é o suficiente para selar o futuro? Quanto tempo é o suficiente para que o chão permaneça apesar do terremoto?

Hoje, sobra-me dor e faltam-me possibilidades.

A generosidade é o mote do covarde e a espera, seu escudo. Onde estão meus guerreiros? Minha seiva de valquíria seca à luz do tempo.

Hoje, falta-me cor e sobram-me espinhos.

Respiro na esperança de abrir os olhos no tempo que me foge. Busco desvencilhar-me das caixas de ilusão e sobreviver nos destroços.

Hoje, sobra-me ser e faltam-me acordes.

Se de armadura, me julgam. Se nua, não me entendem.

Se amo, desagrado. Se rio, desconheço.

Só quero a verdade da vida, nada mais. E que todos enxerguem além dos olhos.

Hoje, sobra-me amor, mas tiram-me os caminhos.

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