segunda-feira, 21 de abril de 2008

Tempo

A idade desintegra pedestais. Pensei nisso hoje, revendo Pulp Fiction. Há quinze anos, assistindo pela primeira vez, idolatrei o Tarantino. Não o homem, mas o que ele representava. Aquele que quebrava paradigmas. Na visão da adolescência, quebrar paradigmas é um feito heróico. Ainda que os paradigmas sejam de estilos cinematográficos ou musicais. Hoje, se fosse me ajoelhar para alguém, seria para Warren Buffet. Não virei uma cínica capitalista, não é isso. São apenas as referências do mundo moderno. O fato é que envelhecer (leia-se: descobrir, à fórceps, as verdades da vida), cada vez mais, elimina a necessidade de ídolos. Até o Dalai Lama vai ao banheiro, sabe como é... Mas isso não é ruim; é apenas um pouco triste. É triste (e também confortável, reconheço) encontrar identificação com eventuais candidatos a ídolos - pois, ao humanizar o suposto cânone, sua importância desaparece num piscar de olhos. E o foco passa a ser a nossa própria capacidade. E acabamos descobrindo que podemos ser ainda melhores do que aqueles que considerávamos geniais. Acho que vou começar a escrever roteiros de cinema...

Nenhum comentário: