quinta-feira, 17 de abril de 2008

Oficina de Crônica (continuação):o ultimato carpinejar


Recebi o texto. Desta vez um "B". Fiz menção de me animar. Confesso que eu mesma achava que texto estava fraquíssimo.

"Hm, achou melhor este, então?".

"Não, na verdade eu vi o blog".

(risos)

O professor sensibilizou-se com meu drama. OK, postar a foto da correção foi apelativo. Mas a intenção nem era criar drama. Eu acho mesmo divertido tudo isso. De crítica avassaladora. Me bate que eu gosto. Só o trauma constrói. Já estou dectetando minha falha maior: preguiça de pensar no texto tecnicamente. Eu gosto de escrever o que me vem. Isso sim me dá prazer. A fórmula da crônica perfeita me enerva e me soa à mordaça. Sim, sim, tenho que me esforçar. Bom, segue aí o texto vergonhoso. (Ah, preciso dizer que este texto decorreu de um exercício em aula em que cada aluno retirava um segredo anônimo escrito pelos colegas e desenvolvia a crônica a partir daí.)



"O bom adúltero"

Inventaram o casamento para justificar o adultério. Só pode. É mais ou menos assim: assine um contrato para a vida toda e tenha a chance de ser preso por ceder ao tesão. Quando me pediram em casamento, só aceitei a condição de esposa porque teria a chance de ser adúltera.
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Que palavra: a-d-ú-l-t-e-r-a. Soa grave, relevante. É pior do que cônjuge. É daquelas palavras vestidas de tailleur e chapéu. É praticamente um título, um selo aristocrático. É preciso vestir luvas de pelica para cometer adultério.
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Mas não é medalha de um feito só. O bom adúltero reincide; produz variações criativas sobre o mesmo tema. O bom adúltero é fiel apenas a si mesmo.
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Pular cerca é para amadores. Profissional que se preza gosta de ver seu ato arrolado como crime no Código Penal. Ainda que negue a culpa até a morte, se orgulhará de ter tido tempo de tomar uma ducha um minuto antes do marido ou da mulher chegar do trabalho. O bom adúltero tira a roupa, mas sempre mantém o relógio.
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Bom, isso foi o que me contaram.




COMENTÁRIOS, CORREÇÕES, ETC: Quais os benefícios? Desenvolver a tese. Desdobrar, refletir mais. Por que? Estava aguardando exemplos mais característicos e engraçados, como se contasse com uma experiência infiel para acentuar o desfecho. Ótimo final.

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