Bandeiras...

Assisti há pouco Leões e Cordeiros (Lions for Lambs). Elenco de peso e tal. Eu gostei. Não porque o filme trouxe elementos novos ao debate da guerra contra o terrorismo - ao contrário, foi fiel a todos os clichês (do veterano do Vietnã ao boyzinho que se culpa no fim) -, mas porque traz à baila a questão da insuperável ignorância sócio-política do homem e da inércia que sempre a acompanha. O problema é que a situação, no mundo todo, é cada vez pior, no sentido de que as pessoas estão cada vez mais indiferentes ao que ocorre do lado de fora de suas janelas. Muitos dizem que de nada adianta o engajamento em causas sabidamente perdidas, pois, de uns tempos pra cá, o mundo só piorou. Eu, aliás, digo isso. Mas, a despeito da definitiva falência da ética e da banalizada desintegração de valores mínimos de convivência social, a revolta ainda me corrói. Finjo-me de insensível diante de tanta barbaridade, é mais cômodo. É mais cômodo fazer revolução com palavras do que com ações, reconheço. Meu ímpeto primeiro é o de ser cética diante da podridão que se vê por aí, é mais cool e menos romântico. Românticos são idealistas e idealistas estão condenados a gritar no vácuo. No entanto, há em mim uma pontinha de vontade de levantar bandeiras aqui e ali. É, talvez seja o paradoxo do século XXI...