domingo, 14 de outubro de 2007

Impressões 1

Eu não li “Quando Nietzsche chorou” porque sempre fui preconceituosa. Nem me interessei, à época, em saber quem era o autor, o tal do Dr. Yalom. Normalmente, não gosto desses livros que usam ficção para apresentar “lições de vida”. É como se o leitor não tivesse a capacidade de entender verdades em tese, mas apenas por meio de exemplos. Contudo, resolvi ler “A cura de Schopenhauer”.
Os motivos: este é o ano em que meus paradigmas estão mudando; a indicação veio de alguém cujos pensamentos eu passei a ter em alta consideração; simpatizo com maioria das idéias de Schopenhauer; gosto de psicanálise e de experiências emocionais catárticas; o autor do livro é um psiquiatra apaixonado por filosofia.
Em síntese, tinha todos os motivos para gostar do livro. E, de fato, não me enganei.
A leitura é fácil, mas dolorosa em certo grau. Em duas ou três passagens, senti apertos no peito. Asfixia emocional. Em princípio, odiei me identificar, aqui e ali, com praticamente todos os personagens. No final, me dei conta de que é exatamente isso. Até o gênio era um bípede.
A luta da vida inteira é vã se não reconhecemos no outro nós mesmos. E o afastamento em prol da pseudo-sanidade é uma grande farsa – que nos auto-impingimos para atenuar o sofrimento que ocorre entre a pré e a pós-existência. A capacidade de envolvimento com outros “seres humanos” é diretamente proporcional à nossa capacidade de elevação enquanto indivíduos. Até o gênio gostou da fama.
A necessidade de encontrar propósitos existenciais pode desviar-nos do agora. Estamos sempre prontos a justificar o passado e transportar nossa recompensa para o futuro. A impermanência paira sobre nossas cabeças. A consciência do agora deve ser amarrada a nosso pescoço para que não esqueçamos jamais das perdas sucessivas de bons momentos. Até o gênio era mezzo budista.
Essas foram minhas primeiras impressões.
(ah, e também preciso de terapia de grupo...)

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