terça-feira, 25 de setembro de 2007

(In)satisfação

Lutamos a vida inteira para chegar a um determinado lugar. Quando chegamos lá, nos damos conta de que não era bem isso que queríamos. E, pior ainda, à medida que refletimos, amargamos uma culpa tremenda de ter seguido um caminho diverso daquele que agora nos deixaria feliz. Esse tipo de constatação surge após um tempo de desconforto não identificado, de uma sensação desagradável de coisa fora do lugar, de um descompasso que vai nos empurrando até a porta da rua e nos obriga a ter coragem de, da noite para o dia, sair na chuva sem preocupação de pegar uma pneumonia.
Como não fomos capazes de antever que aquela pessoa que queríamos ser não se encaixaria na pessoa que, ao fim, nos tornaríamos?
Esse é o grande problema. A não ser que você tenha poderes de vidência, é impossível saber quem você vai encontrar daqui a dez ou vinte anos quando se olhar no espelho.
Como saber o que vai nos fazer felizes amanhã, se o que hoje nos agrada, passava, ontem, longe de nossas vontades?
Acredito que há pessoas cuja serenidade diante da vida não lhes provoque esse tipo de angústia existencial. Aos demais, ao se depararem com o fatídico cruzamento, avaliem o custo de viajar numa estrada com pouca visibilidade - mas lembrem que o retorno é diretamente proporcional ao risco, sempre.

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